Este fim de semana vivi mais uma experiência tipicamente parisiense: pela primeira vez fui ajudar um amigo a mudar de apartamento. Partilho isso no blog porque aprender uma língua também implica conhecer a cultura à qual ela está ligada. Em São Paulo, a maior metrópole brasileira, na mesma situação, contrataria-se uma empresa que envia, junto com o caminhão, uns 2 ou 3 homens fortes que fazem o serviço mais pesado. Acho que, como na Europa os serviços são muito mais caros que no Brasil, em Paris recorre-se aos amigos.
Bem, passamos juntos, 10 franceses e eu, algumas horas muito agradáveis, ainda que cansativas. Em meio àquela enorme confusão tive minha epifania linguística: entre os andares do prédio, numa escada estreita, passávamos pesadas caixas uns aos outros. Numa dessas transferências me ouvi perguntando: "tu veux que je le prenne?" Orgulhoso do meu bem colocado subjuntivo lembrei que os paulistanos estão abandonando essa forma. Tenho um punhado de amigos que provavelmente me diriam gentilmente: "quer que eu carrego?", no lugar do gramaticalmente mais correto "quer que eu carregue?"
Lembrei então da minha amiga carioca que ri do subjuntivo paulistano, ou melhor, do abandono do uso do subjuntivo pelos paulistanos. Pensei também em outra amiga, paulistana, professora universitária, que adora nosso subjuntivo (sim, também e ainda sou paulistano) e me chama de elitista quando o critico. E ainda de um dos maiores linguistas brasileiros, Evanildo Bechara, que diz que o professor de português deve incentivar o aluno a tornar-se um poliglota em sua própria língua.
Reflexão básica para um professor de "brésilien". Qual "brésilien" devo ensinar? Qual "brésilien" meus alunos franceses querem aprender? Primeira dica: acho que vou ensinar, sim, o subjuntivo, mas avisar que ele pode ou talvez mesmo deva (ou deve?) ser abandonado em algumas ocasiões.
No próximo post vou falar justamente do termo "brésilien" (língua), tão natural aos franceses mas que causa estranheza aos meus amigos brasileiros que leem o blog.
Bem, passamos juntos, 10 franceses e eu, algumas horas muito agradáveis, ainda que cansativas. Em meio àquela enorme confusão tive minha epifania linguística: entre os andares do prédio, numa escada estreita, passávamos pesadas caixas uns aos outros. Numa dessas transferências me ouvi perguntando: "tu veux que je le prenne?" Orgulhoso do meu bem colocado subjuntivo lembrei que os paulistanos estão abandonando essa forma. Tenho um punhado de amigos que provavelmente me diriam gentilmente: "quer que eu carrego?", no lugar do gramaticalmente mais correto "quer que eu carregue?"
Lembrei então da minha amiga carioca que ri do subjuntivo paulistano, ou melhor, do abandono do uso do subjuntivo pelos paulistanos. Pensei também em outra amiga, paulistana, professora universitária, que adora nosso subjuntivo (sim, também e ainda sou paulistano) e me chama de elitista quando o critico. E ainda de um dos maiores linguistas brasileiros, Evanildo Bechara, que diz que o professor de português deve incentivar o aluno a tornar-se um poliglota em sua própria língua.
Reflexão básica para um professor de "brésilien". Qual "brésilien" devo ensinar? Qual "brésilien" meus alunos franceses querem aprender? Primeira dica: acho que vou ensinar, sim, o subjuntivo, mas avisar que ele pode ou talvez mesmo deva (ou deve?) ser abandonado em algumas ocasiões.
No próximo post vou falar justamente do termo "brésilien" (língua), tão natural aos franceses mas que causa estranheza aos meus amigos brasileiros que leem o blog.