dimanche 27 novembre 2011

O professor de português "brasileiro", a mudança e o subjuntivo "paulistano".

Este fim de semana vivi mais uma experiência tipicamente parisiense: pela primeira vez fui ajudar um amigo a mudar de apartamento. Partilho isso no blog porque aprender uma língua também implica conhecer a cultura à qual ela está ligada. Em São Paulo, a maior metrópole brasileira, na mesma situação, contrataria-se uma empresa que envia, junto com o caminhão, uns 2 ou 3 homens fortes que fazem o serviço mais pesado. Acho que, como na Europa os serviços são muito mais caros que no Brasil, em Paris recorre-se aos amigos.

Bem, passamos juntos, 10 franceses e eu, algumas horas muito agradáveis, ainda que cansativas. Em meio àquela enorme confusão tive minha epifania linguística: entre os andares do prédio, numa escada estreita, passávamos pesadas caixas uns aos outros. Numa dessas transferências me ouvi perguntando: "tu veux que je le prenne?" Orgulhoso do meu bem colocado subjuntivo lembrei que os paulistanos estão abandonando essa forma. Tenho um punhado de amigos que provavelmente me diriam gentilmente: "quer que eu carrego?", no lugar do gramaticalmente mais correto "quer que eu carregue?"

Lembrei então da minha amiga carioca que ri do subjuntivo paulistano, ou melhor, do abandono do uso do subjuntivo pelos paulistanos. Pensei também em outra amiga, paulistana, professora universitária, que adora nosso subjuntivo (sim, também e ainda sou paulistano) e me chama de elitista quando o critico. E ainda de um dos maiores linguistas brasileiros, Evanildo Bechara, que diz que o professor de português deve incentivar o aluno a tornar-se um poliglota em sua própria língua.

Reflexão básica para um professor de "brésilien". Qual "brésilien" devo ensinar? Qual "brésilien" meus alunos franceses querem aprender? Primeira dica: acho que vou ensinar, sim, o subjuntivo, mas avisar que ele pode ou talvez mesmo deva (ou deve?) ser abandonado em algumas ocasiões.

No próximo post vou falar justamente do termo "brésilien" (língua), tão natural aos franceses mas que causa estranheza aos meus amigos brasileiros que leem o blog.

Le professeur de brésilien, le déménagement et le subjonctif "paulistano".

Ce week-end j'ai vécu une expérience typiquement parisienne: pour la première fois j'ai été aider un ami à déménager. Je partage cela sur le blog parce que l'apprentissage d'une langue implique également de connaître la culture à laquelle elle est liée. À São Paulo, la plus grande métropole brésilienne, dans la même situation, on embaucherait une entreprise qui enverrait, avec le camion, deux ou trois hommes costauds pour faire les travaux les plus durs. Je pense que, comme les services en Europe sont beaucoup plus chers qu’au Brésil, à Paris on se tourne vers des amis.
Bon, on a passé ensemble, 10 français et moi, quelques moments agréables, même si fatigants. Au milieu d'une telle confusion, j'ai eu mon éclair de génie linguistique : entre les étages de l'immeuble, dans un escalier étroit, nous nous passions des cartons lourds les uns aux autres. Pendant un de ces transferts, je me suis entendu dire: "tu veux que je le prenne?" Heureux de mon subjonctif bien placé, je me suis souvenu que les "paulistanos" (quelqu'un qui habite à São Paulo) abandonnent petit à petit ce mode verbal. J'ai une poignée d'amis qui gentiment me diraient: "tu veux que je le prends?" ("quer que eu carrego?") au lieu du beaucoup plus correct "tu veux que je le prenne?" ("quer que eu carregue?")
Cela m'a fait penser à une copine "carioca" (originaire de Rio) qui se moque de ce subjonctif "paulistano", mais aussi à une autre amie, "paulistana", professeur à l'université, qui adore notre subjonctif (oui, moi aussi, je suis encore "paulistano") et qui me reprend à chaque fois que je la critique en m'accusant d'être élitiste. J'ai aussi pensé à l'un des plus grands linguistes brésiliens, Evanildo Bechara, qui dit que les profs de langue doivent inciter les étudiants à devenir des polyglottes dans leur propre langue.
Cela m'a amené à la réflexion la plus basique pour un professeur de brésilien : quel brésilien faut-il enseigner? Mes élèves, quel brésilien veulent-ils apprendre?
OK, il faut qu’ils apprennent le subjonctif brésilien mais aussi qu’ils sachent (ou savent ?) parfois l'abandonner.
Pour notre prochain "post" on parlera justement du mot "brésilien" (la langue), si naturel pour les français mais qui suscite un certain malaise chez mes lecteurs brésiliens.